terça-feira, 21 de junho de 2016

Além de mim

Sinto que as palavras me fogem,

como fugiram as lembranças do meu passado:

dos teus dedos entrelaçados, encaracolados nos meus.

A caneta descansa manhosa em minha mão, não respira:

como não respiramos naquele último gozo.

Sem saber o que era dia, o que era noite

se era começo ou fim, se eram estes ou aqueles,

fomos um só:

uma luz, uma carne, um desejo... uma solidão.

Respiramos...

Eis que intrépida, ela volta a correr pelo papel.

Novo suspiro, a boca carnuda se mexe.

A tinta cruelmente marca a alvura da folha.

Com as gotas ainda se derretendo na pele quente,

marcando nossos prazeres inesquecíveis,

ouço:


Adeus.