Quem foi que disse que
dias estressantes terminam mal? Bem, não sei...
Sem que
nenhuma de nós percebesse, o sol foi saindo de banda, mansinho, deixou que o
azul tomasse conta do céu, até que finalmente ela aparecesse, a lua.
Hoje
foi assim que se passou a minha tarde, sem que nem eu nem minha vizinha
percebêssemos que as horas estavam passando, nem nos demos conta de que o
horário do lanche havia passado e o jantar estava por fazer. Ah, hoje a pizza
dominará a mesa.
Dona
de uma conversa agradabilíssima, essa amável senhora discursou sobre os
meandros da literatura com uma propriedade nata de escritores. Falou sobre
sentimentos que um dia foram registrados a tinta em alguns papéis, perguntei
avidamente sua localização, mas como alguém que sabe deixar apenas o leve sabor
de quero mais, minha interlocutora alegou não saber exatamente onde estavam.
Quantas
avós e mães escreveram seus pensamentos e depois os deixaram de lado dizendo
que se tratavam apenas de “bobagens dos tempos de moça”?
São tantas
que não dá para contabilizar. Essas mesmas mulheres veem suas netas e filhas
lendo obras que em muitos casos não valem sequer a encadernação que têm.
Especulo que escritoras maravilhosas
se perderam por aí, deixaram seu talento nas gavetas, abandonados em folhas
soltas, em pequenos pedaços de papel... no escuro.
Não ouso buscar motivos
que expliquem tais atitudes, seria pretenso demais da minha parte, mas o que
fazer então com toda essa vontade de saber o que pensavam?
Beco sem saída? Não. Basta
pedir que puxem pela memória, que dialoguem conosco, ou, como no caso da minha
vizinha, que tente encontrar a página que ainda sobrou, esse pedaço de passado
que foi passando de gaveta em gaveta, de armário em armário até chegar aos dias
de hoje.
Não fiz isso sem deixar
bem claro que lerei com carinho, com respeito, com olhos da alma, porque de
alma para alma que escrevo e leio o que produzem.
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