Dizem que
enquanto há fumaça, há fogo. Ferrenhamente nos apegamos a essa ideia, para nós
o relacionamento não acabou, nos sobram dúvidas, não podemos nos arriscar: “E
se o outro/a ainda quiser continuar? Quantos erros podemos cometer se formos
precipitados? É a nossa felicidade que está em jogo! Trata-se de uma crise, vai
passar!”
Estamos
tão acostumados a viver no mundo da dor que nos apegamos a estrelas cadentes,
que já morreram há anos, mas que ainda têm luz. O desapego é extremamente
doloroso, mas necessário. Não se pode entregar a própria vida a alguém que
cultiva reticências.
Sabemos
que nada é fácil, que abrir mão dos sonhos construídos no auge do encantamento
é quase como desistir da própria essência, mas saibam, felizmente, não existem
apenas estrelas que morreram, existem constelações inteiras de estrelas vivas,
basta levantar os olhos e olhar para uma delas.
Ou
será que o nosso sentimento de autocomiseração é tão grande que acreditamos ser
isso impossível? Uso esse termo pomposo para não usar outro, mais forte:
hipocrisia. Hipócritas, hipócritas, hipócritas todos os que creem que a vida
vai deixar de existir se estiverem sozinhos, sem um relacionamento. Não digo
que haja outro alguém nos esperando na esquina, mas digo que nossos olhos não são
cegos, basta olhar para algum lugar.
Achamos
as pessoas interessantes, mas preferimos pacientemente lamber nossas feridas,
acariciar nossas dores e alimentar nossos medos, assim não nos arriscamos, não
lutamos por nós, e repetimos as mesmas ações, continuamos sofrendo e gostando
de sofrer.
Fumaça
pode ser circunstância ou consequência finda do fogo!
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