quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Guardando a própria vida

Dizem que enquanto há fumaça, há fogo. Ferrenhamente nos apegamos a essa ideia, para nós o relacionamento não acabou, nos sobram dúvidas, não podemos nos arriscar: “E se o outro/a ainda quiser continuar? Quantos erros podemos cometer se formos precipitados? É a nossa felicidade que está em jogo! Trata-se de uma crise, vai passar!”
         Estamos tão acostumados a viver no mundo da dor que nos apegamos a estrelas cadentes, que já morreram há anos, mas que ainda têm luz. O desapego é extremamente doloroso, mas necessário. Não se pode entregar a própria vida a alguém que cultiva reticências.
         Sabemos que nada é fácil, que abrir mão dos sonhos construídos no auge do encantamento é quase como desistir da própria essência, mas saibam, felizmente, não existem apenas estrelas que morreram, existem constelações inteiras de estrelas vivas, basta levantar os olhos e olhar para uma delas.
         Ou será que o nosso sentimento de autocomiseração é tão grande que acreditamos ser isso impossível? Uso esse termo pomposo para não usar outro, mais forte: hipocrisia. Hipócritas, hipócritas, hipócritas todos os que creem que a vida vai deixar de existir se estiverem sozinhos, sem um relacionamento. Não digo que haja outro alguém nos esperando na esquina, mas digo que nossos olhos não são cegos, basta olhar para algum lugar.
         Achamos as pessoas interessantes, mas preferimos pacientemente lamber nossas feridas, acariciar nossas dores e alimentar nossos medos, assim não nos arriscamos, não lutamos por nós, e repetimos as mesmas ações, continuamos sofrendo e gostando de sofrer.

         Fumaça pode ser circunstância ou consequência finda do fogo!

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