terça-feira, 28 de maio de 2013

Troca

Dialogar é sempre muito bom, conversar com alguém que conhece tão bem a alma feminina é o melhor mimo que se pode ter depois de um dia cansativo de trabalho. Como não me identificar com alguém que sou eu, se nem ao menos sei quem sou?
         Meu amigo nada secreto me instigou pelos meandros da minha psique, fez com que eu refletisse sobre os caminhos que escolhi na minha existência, me fez descobrir que tive muito cuidado ao fantasiar minha vida perfeita, que ergui longos muros em torno do meu castelo encantado que na verdade não existe, ou ainda, existe dentro da minha cabeça, que infelizmente, não compreende todo o mundo, não consegue sujeitá-lo aos meus anseios, mesmo os mais primários.
         Deixei-o, e voltei para casa com a feliz missão de transpor, não seus conhecimentos, e sim, minhas impressões sobre o nosso diálogo, para essa folha de papel. Eis-me aqui, em uma noite fria, com o coração alegre, aquecido, fazendo o que melhor eu sei fazer.
         Não apenas eu tenho esse privilégio, todos temos. A pergunta é: até que ponto estamos dispostos a ouvir, a internalizar o que foi dito, a ceder...?
         Não é tão dramático quanto podem estar pensando, não se trata de uma batalha, nem de uma luta insólita como foi a Guerra de Tróia, trata-se muito possivelmente de um debate diplomático, em que sua mediadora é a sua consciência, e a assinatura no final do contrato será a sua.
         Amigo querido e amado, obrigada por tudo que jamais será enumerado ou sequer pronunciado, levaremos nossos diálogos conosco, não para a eternidade, apenas para o doce recanto do silêncio.

         Amem os seus amigos, porque eu amo o meu!!!!

terça-feira, 7 de maio de 2013

Lições


Posso te ensinar:
as letras,
 as sílabas,
formar palavras e frases.
Talvez eu possa te ensinar a reconhecer
os tremores, os frêmios de paixão
o meandros tortuosos do deleite.
Mas nunca poderei te ensinar
a não perder o suspiro,
absorver o ar rarefeito do amor
prever as tempestades do prazer.
Ou ainda, segurar-se, quando o chão
não mais existir,
quando o ar for apenas uma lembrança
e, eu,
for uma sombra, que jamais poderá te acompanhar.

Tentáculos


Em que momento da vida nos perdemos dentro de alguém de tal maneira que mal conseguimos voltar para nós mesmos? Quando é que nos entregamos tanto a ponto de não saber mais quem somos?
         Estamos tão acostumados a estar juntos que não sabemos o que fazer nos nossos momentos de solidão, nos momentos em que o outro também quer estar só.  Somos invadidos por pensamentos pequenos e mesquinhos, nos sentimos rejeitados.
         Aceitar que dois corpos não se fundem, como nosso romantismo gostaria, é difícil, mais difícil ainda é perceber que também queremos ter nosso espaço, que também queremos ser um pouco livres. Conceder ao outro o que temos e queremos, mais ainda, que isso é natural, é maravilhoso.
         Caríssimos, deixem de lado, pelo bem geral da relação (não pude me conter, tinha de fazer esse trocadilho barato com “o bem geral da nação” rs) algumas ideologias, como a de que se o companheiro/a te ama de verdade ele/a, quer ficar com você em tempo integral, caso insistam nisso, tenho algo a lhes mostrar.
         Coloque 200 ml de água em um copo, redondo, repita a mesma operação em um copo quadrado, por fim, use um belo copo enviesado. Perceberão que os mesmos 200 ml de água continuam lá, mas em formatos diferentes.
         Pode-se exercer poder sobre o outro, claro, mas ele encontrará uma maneira de se adaptar a isso sem sofrer perdas, pode acabar encontrando outra pessoa que o compreenda sem que com isso tenha que romper o laço que o une ao ser amado, porém dominador.
         A menos que se queira passar por essa difícil situação, é bom rever alguns conceitos.