quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Fantasma



Hoje, no final de minha vida
Uma fina neblina me cobre
Talvez seja o bafo frio da morte
Ou até mesmo a baixa temperatura
De uma estranha noite de primavera
Seja por nostalgia ou por necessidade
Evoquei você, meu fantasma favorito
Nunca pude te dizer
...
Vi você em todos os lugares por onde andei
Sempre a espreita, sempre esperando
Esperando meu corpo se esvaziar
Para você novamente me preencher
Vi você em todos os corpos que eu amei
Percorri vales e montanhas
Tive todas as sensações de uma vida inventada
Dei o que esperava receber
Acabei com todos os sentidos
Usei-os todos
Sublimei
E, você, meu amigo
Como um bom voyeur
Observando tudo o que se passava
Consertando os meus erros
Permitindo que eu me recriasse
Sem medos, sem amarras
Hoje, você partiu
Hoje, não sou a mesma
Não sofro dos mesmos anseios
Não tenho as mesmas sensações
Mas vivo com o seu gosto no meu pensamento
Morrerei assim
Como folha de primavera
Como mulher, sereia, encanto
Como alguém que jamais se permitiu não viver
Vivi...

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