sábado, 27 de agosto de 2011

Ausência de som


De frente para a tela do computador, olhando uma folha em branco e o cursor piscando, lembrei de um poeta que apregoava o seguinte: somos folhas em branco, sem passado, sem memória. Será isso verdade mesmo?
            Os amores que vivemos no passado nos influenciam, os erros que cometemos nos perseguem. Isso tudo se materializa como o NÃO DITO.
            Conseguimos recuperar nossa capacidade de sorrir, de amar, de viver, mas somos incapazes de tocar nas nossas próprias feridas, de falar, mesmo que para nós mesmos, do que erramos, que dirá, verbalizar isso para o outro.
            Assim, quando não dá certo, culpamos o mundo inteiro. Foi o trabalho, a falta de tempo, as amizades, tudo... menos o nosso silêncio. E seguimos a vida, rumo ao infinito ou a outro relacionamento, levando na bagagem a frustração de não termos dado o grito de liberdade, de não termos alforriado nossas dores. As carregamos junto de nós, sabemos que isso nos faz mal, mas não nos sentimos capazes de ser plenamente felizes, porque isso significa se abrir, se comunicar muito mais do que superficialmente.
            Bem sei o quão difícil é assumir que não somos tão bem resolvidos assim... E se o esforço for inglório? Se a luta travada em nosso íntimo resultar em fracasso? Pior ainda, se não formos compreendidos?
            Jamais nos obrigaríamos a rever nossos conceitos se esse alguém não fosse importante... Caso aqueles olhos não nos pedissem mudamente uma chance. Em meio a paixão ou ao amor, há muitos pedidos, nos fazemos de cegos e não lemos a mensagem ali contida.
            Quando tiramos a roupa e nos olhamos no espelho, não vemos o quanto somos dignos e capazes. A dignidade consiste em amar e a capacidade, na confiança que temos em nós mesmos.

2 comentários:

  1. O mal de quase todos nós é que preferimos ser arruinados pelo elogio a ser salvos pela crítica.
    Já dizia Norman Vincent Peale, continue sendo essa pessoa que é...

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  2. Sim, acho que carregamos tantas alegrias e dores que , muitas vezes, nos fazem temer cometer o mesmo erro.porém , o ser humano tem capacidade de se superar, o tempo o ajuda.
    bjs, Clarissa Caleia

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